quarta-feira, 14 de março de 2012

O gato Guilherme e a Chegada do Bebê.

Há alguns dias um telefonema me encantou, tamanha delicadeza da história que vou contar, começou com a minha preocupação e curiosidade em relação a chegada da Alice e a reação da Nina e também da Belinha com a chegada da Amanda e visitas da Alice.
Nina é a cachorrinha da casa, única bebê até então... e ela é brava, muito brava, se ela soubesse o tamanho que tem, não seria tão brava, mas no fundo tem bom coração, é puro charme.



A Belinha já é uma criança bagunceira, ela mora com a minha mãe e mesmo morando longe, tenho carinho por ela como se fosse minha também.



Andei lendo sobre como preparar o animal de estimação para a chegada do bebê, já sabendo que vai rolar um ciúme, tipo irmão mais velho, sabe? Quem tem um animalzinho mimado em casa, sabe do que estou falando. Nessas pesquisas encontrei alguns métodos, que podem ser bem eficientes, como espirrar perfume do bebê nas coisinhas do bicho, colocar as coisinhas do bebê pra ele cheirar e etc.
Numa dessas, me lembrei da Lelê, uma blogueira que acompanho há alguns anos, ela é protetora de animais. Perguntei se ela conhecia alguma história interessante que envolvesse crianças e bichos, e ela me falou de sua irmã, Carla. Mandei um email para Carla, que me respondeu no dia seguinte com o número de seu celular. Dias depois resolvi ligar pra ela, que me atendeu muito gentilmente, e uma simpatia que me cativou na primeira frase. Ela já sabia do que se tratava pelas nossas conversas rápidas por email e logo começou a contar sua história com o seu gato Guilherme e o seu bebê, que já está com 15 anos de idade, e hoje em dia, é um bebê só pra ela. (:

Quando Carla engravidou de seu primeiro e único filho, ela tinha a companhia de Guilherme, um gatinho bravo e ciumento, ele estava com 6 anos, ela o encontrou na rua e ele era orfã de mãe, sua mamãe morreu atropelada quando ele ainda tinha 4 meses de vida. Dá pra imaginar o quão querido era esse gatinho.



Logo veio a preocupação de como lidar com a chegada do filho, como preparar o Guilherme. Ela resolveu conversar com seu médico, que informou sobre os perigos da Toxoplasmose, mas nesse caso era já era imune, esse risco eles não tinha mais, além disso Guilherme era vacinado e o único cuidado que ela deveria ter era com o acesso do gatinho ao berço quando o bebê tivesse dormindo, já que ele tinha 14kg... uma verdadeira bola de pêlos!
Uma conhecida sabendo do que estava acontecendo, indicou um tratamento com florais, para acalmar o gato e assim, ir tratando sua aceitação. E lá se foi Carla atrás dos tais florais... nessa busca, o rapaz que vendeu os florais para ela, deu uma dica curiosa, falou para Carla confeccionar um boneco de pano para Guilherme, mas ela não podia dar o bonequinho para ele, até o bebê chegar em casa, então ela mostrava o boneco, mas não entregava pra ele, não deixava nem Guilherme encostar no boneco... judiação, o gatinho ficou só na vontade.




No dia que o bebê chegou, Carla deu o boneco para o gato, e ele se sentiu o pai do boneco, nessa brincadeira ele desenvolveu um instinto de proteção, e com o passar dos dias passou a proteger o baby, a mamãe nem precisou comprar Babá Eletrônica, Guilherme era uma verdadeira Babá Eletrônica.



E os dois viraram amigos. Sua amizade durou até o "bebê" completar 11 anos, até a morte de Guilherme.












Imagino o quanto essa amizade foi importante pra essa criança, o quanto saudável, e o quanto ajudou no seu desenvolvimento como ser humano. Ao contrário do que muita gente pensa, os animais nos humanizam. Eles tem esse dom. Eles nos despertam um sentimento tão especial, que somente eles são capazes disso.

Já ouvi histórias de pessoas que doaram seus bichinhos para "proteger" seus filhos, pessoas que trancam os animais em lugares que eles não possam ter acesso ao quarto onde vai ficar o bebê... Ah, se elas soubessem o mal que estão fazendo a eles e muito mais aos seus filhos, privando-os de uma relação que só pode fazer bem. De um amor especial, puro e pra sempre.

Carla, obrigada por dividir sua história com a gente, que somos a maioria mamães de primeira viagem e que essa linda história nos sirva de lição, lição de amor.